Com os classificados online, anúncios nas redes sociais, sites e marketplaces, além dos aplicativos de proptechs – startups do setor imobiliário – a forma de procurar imóveis mudou. Hoje, para fazer um bom negócio, é recomendado ao consumidor imobiliário conhecer as ferramentas tecnológicas que facilitam a pesquisa e negociação, mas é importante ter atenção às “ciladas” da compra e locação feitas pelos canais digitais. O alerta é do CEO da JBA Imóveis, Ilso Gonçalves.
De acordo com o analista do mercado imobiliário, a consulta aos marketplaces facilita a seleção inicial pelo cliente e, por isso, a busca online só cresce. Segundo levantamento da empresa de software Capterra, com dados do primeiro semestre de 2022, 37% dos interessados em comprar imóveis no Brasil fazem a opção pelos portais imobiliários para a procura.
A experiência do corretor, no entanto, continua essencial para a análise qualificada das oportunidades, na opinião do especialista. “O cliente não vê tudo que o corretor enxerga e a orientação é crucial para que o cliente faça a si mesmo as perguntas certas para escolher o imóvel ideal. O profissional sabe fazer a avaliação do negócio em si e as análises mercadológicas e é capaz de mostrar as vantagens e desvantagens de cada imóvel, dentro do leque da busca do cliente”, defende.
Além da popularização da pesquisa por imóveis na Internet, novas ferramentas digitais atualmente permitem que o cliente faça também a negociação virtualmente. No caso dos apps de locação, as soluções oferecem mais agilidade e menos burocracia aos consumidores imobiliários. Com opções de planos pré-pagos de locação, há apps que permitem a dispensa de fiador, seguro-fiança ou depósito caução. E isso está influenciando as imobiliárias convencionais. “Essa inovação estimulou as imobiliárias a fazerem algumas reformulações.
Inúmeras empresas correram atrás de efetivar os contratos com assinaturas digitais, fornecer fotos profissionais dos imóveis, oferecer o atendimento online e tour virtual. Além disso, precisaram agilizar a aprovação do crédito e a garantia de locação, que antes girava em torno do fiador. Hoje, ficou mais prático fazer em qualquer imobiliária uma locação com seguro-fiança, antes limitado e caro”, conta Ilso Gonçalves.
Quando a visita ao imóvel é indispensável
Com exceção da compra de imóvel na planta e das locações de curto prazo – como as de temporada de verão e viagens de negócios – a visita presencial ao imóvel quase sempre é indispensável.
Além das condições de manutenção do imóvel e tamanho real dos cômodos, detalhes como ruídos, circulação do ar e luminosidade não aparecem nas fotos e modelos 3D, ressalta o consultor. “Em uma cidade como Curitiba, por exemplo, o conforto térmico e a entrada de sol nos ambientes são importantíssimos. Esse é um dos principais pontos de avaliação e de valorização de um imóvel na cidade. Também a ventilação, umidade, riscos de alagamentos na região nas estações chuvosas, trânsito e até problemas estruturais têm de ser muito bem considerados pelo olhar do comprador e de quem o orienta nesse momento”, explica.
O especialista lembra, ainda, que a visita com o acompanhamento do corretor de imóveis garante uma avaliação mais inteligente e estratégica do negócio. “Nada substitui a visita presencial, para checar e confirmar se as preferências que apareceram na pesquisa pela Internet estão presentes, de fato, no imóvel. Também é importante estar no local para perceber detalhes que não são levados em consideração na busca a distância, como o potencial de alterações, a necessidade de reformas e adaptações no espaço”, avalia.
No caso de empreendimentos que oferecem o tour virtual, o CEO da JBA Imóveis recomenda explorar a ferramenta, que permite uma visão 360 graus do imóvel, mas só fechar negócio depois da visita presencial sob orientação técnica. “Os modelos digitais e imagens capturadas dos imóveis são excelentes para despertar o interesse do cliente e confirmar preferências. Mas é preciso ir até o local para avaliar a vizinhança, acesso e outras condições que só são percebidas na análise mais criteriosa. A exceção são os imóveis na planta, em que o tour virtual é a única forma de enxergar os detalhes das plantas”, complementa.
Cuidado com golpes deve ser redobrado na Internet
O aumento da oferta de imóveis pela Internet também faz crescer o volume de golpes contra o consumidor imobiliário que faz a opção pela busca e negociação online. Fraude documental e falsas ofertas de venda e locação – feitas com o uso de imagens de imóveis reais, mas que não são de propriedade de quem anuncia – estão entre os mais comuns. Segundo Gonçalves, uma recomendação para quem aluga pela Internet é solicitar a matrícula, para verificar os dados do proprietário e também do imóvel. Mas como as falsificações acontecem, o ideal é contar com a ajuda profissional para confirmar a documentação e evitar dor de cabeça.
Outra dica é sempre desconfiar de oportunidades vantajosas demais na comparação com os outros imóveis encontrados na busca. “Quando você encontra um imóvel com preço sedutor, bem abaixo do praticado no mercado, você tem de desconfiar. O proprietário pode estar precisando de dinheiro e, por isso, oferecendo o imóvel por um preço baixo demais? Pode. Mas também pode ser uma escritura com procuração fria ou imóvel com documentação irregular.
Além disso, o imóvel pode ter falhas estruturais, problemas de metragem, entre outras coisas”, diz. O CEO da JBA Imóveis reforça que as imobiliárias devem fazer todo o check-list de conferência, análise de documentos, das condições de crédito dos vendedores, a fim de imprimir o máximo de segurança possível para o negócio. “Na dúvida e por garantia, diante desses anúncios com preços muito atrativos, vale ligar o modo de alerta e redobrar os questionamentos”, conclui.
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